O Globo 01/08/2017
BRASÍLIA - Há exatamente um ano, o executivo da Odebrecht José Conceição dos Santos Filho era um dos cerca dos 15 executivos internacionais da empresa que, silenciosamente, se preparavam para delatar. Diretor da empresa no Equador desde 1994, Conceição já havia reunido provas documentais para tentar provar que a empresa havia vencido licitações e conseguido adiantar pagamentos por meio de propinas. Mas faltavam provas concretas para tornar irrecusável ao Ministério Público Federal do Brasil (MPF) sua proposta de delação. Inspirado no então recente exemplo do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Conceição armou-se com um gravador e, no melhor estilo Joesley Batista, produziu provas que prometem fazer a política equatoriana tremer.
A delação de Conceição, ainda em sigilo e obtida pelo GLOBO, mostra que uma das principais autoridades gravadas por ele foi Carlos Polit, o controlador-geral do Equador durante dez anos, e responsável por comandar a investigação que levou à expulsão da Odebrecht, em 2008, pelo ex-presidente Rafael Corrêa. Conceição revelou aos procuradores brasileiros que a Odebrecht comprou o passe de Polit, fazendo-o reverter a decisão e a emitir pareceres que recomendavam ao Equador aceitar de volta a empreiteira.
A caneta de Polit custou caro à empreiteira. O homem que deveria combater a corrupção foi direto.
Leia mais
Notas relacionadas